[Anime - Review] Mushishi

MUSHISHI

Eles não são plantas nem insetos. Sua existência é desconhecida pela maioria dos humanos. Poucos são capazes de vê-los. Nenhum é capaz de determinar, exatamente, o que são.

Estamos falando de Mushi, misteriosas e bizarras entidades que variam desde pequenas e amorfas criaturas brilhantes a gigantescas... esquisitices. É difícil descrever a enorme variedade desses seres. Imagine comparar seu cachorro com sua televisão. Ambos poderiam ser Mushi!

Além de serem um mistério - já inspirando uma inquietude nos humanos - Mushi causam muitos problemas. Com o intuito de ajudar aqueles que se envolvem com Mushi, e de descobrir mais sobre eles, algumas pessoas tornam-se Mushishi - caçador/eliminador e especialista em Mushi.

Nosso personagem principal é Ginko, um Mushishi. De aparência esquisita - cabelos brancos e um único olho verde - em meio a um Japão tradicional onde todos possuem a boa e padronizada aparência asiática, seu passado é um mistério. Entre os muitos da série.

Mushishi optou por um formato pouco usado nos animes atuais - cada episódio conta a história de um único "caso" de Mushi, contendo início, meio e fim, e com pouca ou nenhuma ligação entre diferentes episódios. O gênero de episódio para episódio também varia. Além dos sempre presentes mistério e fantasia, temos drama (predominante), suspense e romance. Essa diferença de um episódio para outro torna a série mais dinâmica.

O ritmo, porém, é sempre o mesmo. Há sempre uma profunda atmosfera de calma e melancolia, contruida pelas imagens - bela animação de expressões e sentimentos dos personagens, e provavelmente os melhores fundos que já vi em um anime - e pela trilha sonora. Ah, a trilha sonora! Nesse quesito, Mushishi surpreende, e muito. Momentos onde os únicos sons são insetos da floresta, vento ou a água corrente; momentos de silêncio absoluto; momentos de belas músicas, com um ar típico japonês. É raro ver um anime que faz tão bom uso dos elementos sonoros, traduzindo perfeitamente a cena na qual se encaixam. A abertura, "The Sore Feet Song" é uma das mais agradáveis que já ouvi.

Infelizmente, tudo tem defeitos... e os de Mushishi são graves. Para começar, a lentidão excessiva de vários episódios. Tem horas que chega a dar vontade de parar e fazer outra coisa, pois a cena beira o tédio.
Cenários, música, beleza, isso não justifica a completa ausência de movimento em alguns momentos da série. Fica a impressão de que esticaram um evento curto para que ele durasse um episódio inteiro.

Outra coisa que decepciona é a ausência de um final. O último episódio da série não traz qualquer conclusão ou revelação sobre os Mushi, um mistério cultivado desde o início, mas, sim, atua como um outro episódio qualquer (apenas revelando um pouco mais que o normal sobre o passado de Ginko). A razão para isso é que o anime havia alcançado o mangá, e eles não queriam inventar um final próprio (como várias séries fizeram, e acabaram terminando em desastre ou infinitamente inferior ao mangá).

Apesar de tudo, Mushishi foi uma das séries mais marcantes que já assisti. Alguns episódios, após sua conclusão, davam uma sensação imensa de alegria interior, calma e até plenitude (por mais brega e irreal que isso pareça!). É uma ótima solução ao nervosismo, irritação ou estresse.

Mushishi criou uma combinação de elementos capaz de causar as mais profundas sensações no espectador, coisa que poucos animes são capazes de fazer. Aliado a ótimos aspectos técnicos e uma história original, torna-se fácil superar os momentos lentos e se emocionar com a série.

Ano: 2005
Estúdio: Artland
Episódios: 26
Duração: 24 min.

Fonte: Animehaus