Como uma capa perfeita deveria ser

Achei essa matéria do site Ideiafixa e gostaria de compartilhar com vocês:

O texto a seguir foi escrito por Mark Waid, um dos grandes escritores de HQ dos EUA, editor-chefe da Boom! Studios. O texto original está aqui no seu blog.



“Essa é sem dúvida a melhor capa de revista em quadrinhos que eu vi nos últimos tempos, talvez no ano inteiro: THE SPIRIT nº 29, da DC Comics, desenhada por Paul Rivoche. É uma aula de tudo que uma capa deveria ser, e eu vou usá-la como exemplo de “como fazer certo” pelo resto da minha vida. Vamos dar uma olhada:

1) É mais do que uma simples imagem; ela conta uma história. Seus olhos vão primeiro direto ao Spirit, depois à garota, depois ao fato de que cada um deles está olhando para seu relógio, e a linguagem corporal deixa claro que um está esperando o outro. E então seus olhos descem até onde a bomba está colocada. Depois
você vê o horário na bomba. Depois seus olhos vagueiam de volta para cima até o relógio digital e você nota que falta 1 minuto para a explosão. Meu deus, essa capa implora que você abra a revista para descobrir o que vai acontecer.

2) Ela está perfeitamente colorida. PER-FEI-TA-MEN-TE. Os olhos imediatamente vão até o Spirit, o personagem central da revista, em seu azul encorpado. A visão naturalmente cai para a esquerda, encontrando a mulher em suas cores brilhantes porém secundárias. Depois os olhos descem até o vermelho vivo da bomba. E as mangas do vilão são coloridas espetacularmente-aparecendo apenas o suficiente para serem visíveis, não se perdendo em meio ao cinza da plataforma do trem e não se destacando antes que você veja a bomba ou perca seu foco. Os 2 elementos mais importantes da ilustração – o herói e a bomba – são os elementos que se destacam mais claramente, como deveria ser. O logo tem sua cor precisamente retirada de outras cores na ilustração, e ainda assim é perfeitamente legível. Se alguém tivesse feito esse logo, digamos, vermelho vivo, eu teria que bater nessa pessoa. Isso teria arruinado o balanço da capa toda. Da mesma maneira, se os braços do vilão fossem gritantes para chamar atenção, eles brigariam para serem vistos primeiro e teriam estragado a composição.


3) O desenho em si tem a precisão de um ônibus espacial. Tudo aponta em direção às duas figuras principais. Tudo. Os papéis voando. Os braços do vilão. O trem. Os trilhos na parte de cima. O relógio digital, meu deus. A LÂMPADA EM CIMA DO SPIRIT. E ainda assim nenhum desses elementos atrapalha ou chama muita atenção para si mesmo.

Eu tenho sido, como todas as pessoas espertas, fã do trabalho do Paul por muito tempo, mas esse é um gol da harmonia. Jovens ilustradores, jovens editores, quando em dúvida, façam isso. Isso é uma capa. Eu vou usá-la como objeto de ensino de agora em diante.”

Eu não sou especialista nessas coisas, mas lendo os comentários do Mark percebemos inumeros detalhes da composição que aos olhos de um mero mortal passariam desapercebidos!

Muito legal ver como a cena foi montada

Obs: Quem nunca leu Spirit, pode pegar o que a panini lançou, vale a pena

A semiótica e o estudo dos sinais é um ramo maravilhoso! Era uma das matérias na faculdade que eu mais gostava... lembro-me de um trabalho onde eu e o meu grupo analisamos semioticamente o filme O Clube da Luta. Pensa numa pedreira! hehe

Muitas vezes esta composição é feita por puro feeling, mas nada que um estudo possa aperfeiçoar ainda mais essa técnica.

Muito interessante. Gosto dessas coisas.

Legal demais...o poderia ser uma capa bonita passou a ser uma obra de arte.

Também tive semiótica na faculdade. Matéria papo-cabeça mesmo, bem legal!

bzorio escreveu:Também tive semiótica na faculdade. Matéria papo-cabeça mesmo, bem legal!

Eu detestava essa merda na faculdade....

Oblivion escreveu:A semiótica e o estudo dos sinais é um ramo maravilhoso! Era uma das matérias na faculdade que eu mais gostava... lembro-me de um trabalho onde eu e o meu grupo analisamos semioticamente o filme O Clube da Luta. Pensa numa pedreira! hehe

Também gosto.
Na faculdade, me lembro bem da professora que deu essa matéria.
Queria ter estudado a semiótica do amor com ela.

Legal essa capa: capta bem a proposta da HQ.

Agora, a capa mais plagiada da história, sem dúvida, é essa daqui:

Esta é uma cena com uma carga dramática absurda... creio que nem seja plágio, mas sim ideia recorrente.

Caro Oblivion, muito bacana essa matéria. Tomei a liberdade de postar no meu Blog com os devidos méritos.

http://hqgibi.blogspot.com/

Colecionador escreveu:Caro Oblivion, muito bacana essa matéria. Tomei a liberdade de postar no meu Blog com os devidos méritos.

http://hqgibi.blogspot.com/

Opa, sem problemas Colecionador!
Só editei o link que você postou pois ele estava sendo redirecionado para o portal do fórum. Agora está correto.

Oblivion escreveu:Esta é uma cena com uma carga dramática absurda... creio que nem seja plágio, mas sim ideia recorrente.

Com certeza.

Nesse caso, nem é tanto a capa, mas a CENA usada na capa - além de clássica, é bem genérica mas de visual também bem impactante.

Bem diferente da capa do tópico, onde a originalidade é maior, além da cena ser bem mais específica.

Aprenderam? Capa maneira não é do Ed Benes e Jim Lee.

Oblivion escreveu:Esta é uma cena com uma carga dramática absurda... creio que nem seja plágio, mas sim ideia recorrente.

Boa parte delas são assumidamente homenagens, sejam à original ou uma das "cópias".

Lam escreveu:Aprenderam? Capa maneira não é do Ed Benes e Jim Lee.

mimimi mimimi

Hahaha!