Fórum Limited Edition
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

HQ nacional amadurece e faz seu debute na principal festa literária do país

Ir para baixo

HQ nacional amadurece e faz seu debute na principal festa literária do país Empty HQ nacional amadurece e faz seu debute na principal festa literária do país

Mensagem por Altavista Ter Jun 30, 2009 4:22 pm

Flip abre nesta quarta-feira à noite em Paraty; mesas começam na quinta.

Grampá, Moon, Bá e Rafael Coutinho debatem quadrinhos no evento.
Diego Assis
Do G1, em São Paulo

O quadrinista gaúcho radicado em São Paulo Rafael Grampá (Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação)
Seus álbuns já passam das cem páginas, vêm com lombada quadrada e vendem não mais em bancas de jornal mas em grandes livrarias. Mais do que a forma, no entanto, é o conteúdo que ajudou a abrir as portas da literatura para as HQs. E em grande estilo: quatro artistas da nova geração de autores brasileiros têm nesta quinta-feira (2) a responsabilidade de dar o pontapé inicial em uma das principais festas literárias do país, a Flip, em Paraty.

Antes, portanto, de Gay Talese, Chico Buarque e Richard Dawkins - para citar alguns dos escritores convidados de destaque desta Flip -, os bibliófilos vão se sentar diante de Fábio Moon, Gabriel Bá, Rafael Grampá e Rafael Coutinho em uma mesa que deve discutir, a princípio, os elos entre a literatura e os quadrinhos.

"Não dá para dizer que HQ é literatura", sai na frente o gaúcho Grampá, desenhista e roteirista de seu álbum de estreia, o elogiado "Mesmo delivery". "Mas essa discussão vai ser boa. Coisas como 'Isaac, o Pirata' e 'I killed Adolf Hitler', de Jason, são tão boas quanto qualquer livro que já li", conserta.

Autor de graphic novels como "O girassol e a lua", do fanzine "10 pãezinhos" e um dos quadrinistas brasileiros mais reconhecidos no exterior - juntamente com o irmão gêmeo, Bá -, Moon concorda. "O que tem sido produzido recentemente tem gerado um reconhecimento muito maior para os quadrinhos, tem chamado a atenção de um público que não é só aquele que lê HQs, como o pessoal da Flip. Eles estão interessados no conteúdo que está sendo produzido", opina o quadrinista paulistano.


Veteranos das convenções de quadrinhos - inclusive a americana San Diego Comic-Con, em que, em 2008, venceram o cobiçado (e inédito para um brasileiro) prêmio Eisner -, Moon e Bá devem ficar à vontade em um evento literário. "A literatura sempre foi muito importante para o jeito como a gente escreve. Decidimos fazer quadrinhos não pelas HQs que a gente leu, mas pelos livros que a gente leu", revela Moon, fã de "Capitães de areia" dos tempos de escola e responsável por uma das melhores adaptações de "O alienista", de Machado de Assis, para os quadrinhos.

Inversão de papéis

Crescido em um ambiente mais do que propenso às HQs, o artista plástico - e filho do quadrinista Laerte - Rafael Coutinho também reconhece o flerte entre as linguagens. "É verdade que nos últimos tempos os quadrinhos adultos amadureceram e vêm conversando com a literatura em diversos níveis. Acho interessante que as pessoas façam um esforço para ver o ponto em comum entre as mídias, mas, para os autores, isso vai bem mais além: eles se permitem voar entre as mídias de uma forma muito mais solta do que se espera", defende Coutinho, que prepara uma história longa em parceria com o... escritor Daniel Galera.

"'Cachalote' são seis histórias, contadas em seis frentes diferentes que não se cruzam, mas são conduzidas por uma supra-história que as une", define. "O Galera estava muito interessado em fazer alguma coisa em quadrinhos. Ficamos amigos no bar, jogamos as ideias na mesa e vimos o que saía." Um preview da HQ foi publicado neste mês na revista "Piauí".

Assim como Coutinho, Grampá também colabora com um escritor. Em parceria com Daniel Pellizari, ele prepara "Furry water", sua HQ mais ambiciosa até agora, com um total de 192 páginas e previsão de lançamento primeiro no mercado americano. "Tive a impressão de que o Mojo [apelido de Pellizari] teve de se adaptar muito mais [ao formato das HQs] do que eu a ele. É bem diferente o roteiro de um quadrinho de uma prosa ou um romance. Ainda mais neste livro, em que estamos escrevendo só os diálogos, sem recordatórios."

Mas, se o interesse dos escritores em se aventurar pelo terreno das HQs parece estar aflorando, o caminho inverso não é necessariamente verdadeiro. "A literatura precisa de um background um pouquinho mais profundo, de uma verticalidade maior dentro da palavra", afirma Coutinho. "Você tem de ler como um desesperado. A boa literatura é feita de profundidade. Não dá para sair por aí escrevendo, seria muita irresponsabilidade."

Grampá completa: "quando o escritor vai fazer a história, a palavra é tudo. Para mim, é só mais um dos componentes que posso lançar mão para contar a minha. Não preciso de palavras para contar uma HQ. Posso fazer histórias mudas."

HQ nacional amadurece e faz seu debute na principal festa literária do país 0,,21232478-FMMP,00

HQ nacional amadurece e faz seu debute na principal festa literária do país 0,,15163605-FMMP,00

A partir da esquerda, Fabio Moon, Rafael Grampá e Gabriel Bá (ao microfone) no momento da entrega do Eisner Award por melhor antologia, com '5', em 2008 (Foto: Diego Assis/G1)
Altavista
Altavista
Loja Limited Edition

Número de Mensagens : 3032
Idade : 48
Localização : São Paulo
Data de inscrição : 12/01/2009

Ir para o topo Ir para baixo

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos